sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Era uma manhã de outono. As folhas caíam das árvores lentamente, rodopiando no ar, até que, por fim, chegavam até o chão. Alice estava sentada na frente da janela, observava cuidadosamente a sinuosidade em que as folhas desciam, bem devagar. Suspirara.
Ele havia ido embora.
Ele não estava mais lá.
Ele não preenchia mais o buraco que havia entre seus dois pulmões.
O mundo parecia ser monótono, o torpor dominava sua mente. Ela não conseguia lembrar-se da última vez que o vira, da última palavra trocada, ele sumiu. Sem mais, nem menos. Deixando apenas um único bilhete, que ela não parava de segurar nunca:
"Cuide-se."
Era isso, era o fim. Depois de tantos meses, ele esquecera dela. Ela não podia acreditar, era amor demais pra ir embora em tão pouco tempo.
Desespero, angústia, revolta, barganha, aceitação. Ela teve que passar por todas as fases de luto antes de finalmente, acreditar nas palavras dele. Ele nunca mais estaria lá. Ela repetia isso, e cada vez que dizia, era como se levasse um chute no estômago, como se seus órgãos internos estivessem todos doendo ao mesmo tempo, como se seu coração não existisse mais. Era difícil respirar. E então... A desorientação, o torpor dominou o corpo, o chão estava nas suas costas agora, os olhos fechavam. E, enquanto as folhas caiam, ela morrera de amor.

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