Em baixo do luar, acima das estrelas.

Eu odeio os dias insuportáveis. Odeio quando respirar é só mais um peso que eu tenho que carregar. Odeio quando eu preciso de atenção e as únicas pessoas que eu confio viram as costas pra mim; quando as pessoas te decepcionam e você acaba por chorar escondido no banheiro do colégio. E ao mesmo tempo que conflitos acontecem na escola, na sua casa, acontece também no seu coração. Ele está se partindo em mil pedaços e parece que seus pulmões ficaram secos e caíram. A respiração fica irregular no caminho pra casa, as lágrimas quase saindo - mas você não faria isso no meio da rua - e você corre pra chegar em casa logo, antes que seu chão suma.
E o chão do banheiro parece o lugar ideal para chorar. Lá é frio. Chorar no frio num dia de frio, uma idéia estranha. Mas o calor do travesseiro não ajudaria em nada o estado dela. Ela queria sofrer um pouco, queria chorar, soluçar e tremer.
(Um texto que achei no meu caderno especial. De alguma data no final de abril.)