segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010


No meio do quarto escuro, eu aguardava pressionada contra a parede. Esperava em vão que aquela porta se abrisse novamente com você, passando por ela. Mas isso não aconteceria.
Seria o amor o calcanhar de Aquiles de todos os seres humanos e ao mesmo tempo seria ele a única coisa verdadeiramente certa que deveríamos desejar?
Já era de madrugada, eu estava sentada com as costas contra a parede oposta àquela porta. Aquela que você saira pela última vez fazia apenas algumas horas. Eu não enchergava um palmo à minha frente. As ruas tinham luz, mas os meus olhos se recusavam a tentar enchergar sequer uma partícula de claridade que fosse. Eu havia chorado tanto que minha visão estava turva e nada mais me importava.
Deixei minha cabeça deslizar pela parede até que eu estivesse deitada no chão, com as palmas das mãos da pedra fria, os cabelos tão embaraçados que formaram nós.
Porque essas coisas insistiam em acontecer comigo? Porque isso não acontecia com as pessoas pessimistas? Afinal, ninguém era mais garota "Merchandising" do amor do que eu! E ainda assim, parecia que eu era a única que não era digna de tê-lo, verdadeiramente.
Eu levantei e caminhei em passos lentos ao que tudo indicava, ser o banheiro. Procurei pelos comprimidos de emergência que ficavam junto com o creme dental. Virei o vidro na minha boca e tomei a água direto da torneira.
A visão ainda turva, os movimentos começaram a não responderem mais. Senti a pancada da louça batendo no meu crânio vazio, fazendo todo o fluído vermelho que corre por cada vaso sanguíneo do meu corpo jorrar pelo mármore frio. Eu morri no escuro. E sem ninguém.
"With the lights out, I hope you never leave my side."

Nenhum comentário:

Postar um comentário